Não é difícil ter um AVC. Basta ser hipertenso não controlado, ter o colesterol elevado e deixá-lo andar, ser fumador e considerar que é isso lhe dá prazer e ser obeso e não gostar de balanças. Se lhe juntar a diabetes e a fibrilhação auricular ficará com a receita completa. É também fácil identificarem-se os primeiros sintomas. O desvio da boca para um dos lados, a perda de força de um dos membros, um discurso não coerente e alguma dificuldade em articular as palavras, são muitas vezes os primeiros sintomas a surgirem. Mas se é fácil ter um AVC ou identificá-lo, já não é fácil ser cuidador de um doente com as suas sequelas. A casa não está adaptada, os familiares diretos não estão capacitados, a vida não estava programada e nada parece ajudar. Ajudava sim, se a medicação tivesse sido cumprida, se as caminhadas tivessem sido levadas a sério e se a balança fosse entendida como uma conselheira. A vida pode ser ingrata se a descurarmos.

Dr. Luís Negrão

Assessor Médico