Esteróis Vegetais

Os esteróis vegetais, ou fitoesteróis, são substâncias estruturalmente semelhantes ao colesterol, mas que ao contrário deste, apenas se encontram naturalmente presentes em produtos de origem vegetal, como frutas, vegetais, leguminosas, frutos oleaginosos, sementes, óleos vegetais e cereais integrais. Uma vez que o seu teor nestes alimentos é reduzido, atualmente a indústria opta por fortificar os alimentos em quantidades significativas de esteróis vegetais e numa gama de produtos mais vasta, como cremes vegetais, leites, iogurtes, queijos, bebidas de soja e molhos para a salada*. Os esteróis vegetais constituem um tema muito abordado nos dias que correm, uma vez que o seu consumo regular, numa dose de 2g-3g diárias, está associado à redução dos valores de colesterol total e do LDL (o chamado “mau colesterol”). Tendo em conta a grande prevalência de indivíduos com valores de LDL e de colesterol total elevados na sociedade ocidental atual, e o fator de risco que isso constitui para a saúde cardiovascular, os esteróis vegetais surgem como uma ajuda importantíssima para contrariar esta situação.

O impacto dos esteróis vegetais na redução dos níveis de LDL e de colesterol total está relacionado com a diminuição da absorção de colesterol a nível intestinal. Uma vez que são estruturalmente semelhantes ao colesterol, os esteróis vegetais ligam-se aos transportadores de colesterol, sendo absorvidos no lugar deste. O colesterol que não é absorvido é eliminado via intestinal. Contudo, uma vez absorvidos, os esteróis vegetais não sofrem o mesmo processo de esterificação que o colesterol, pelo que a sua excreção é maior e a sua utilização e risco de deposição nos vasos sanguíneos é muito menor. Para que os esteróis vegetais possam competir com o colesterol e diminuir a sua absorção, a sua ingestão deve ser feita simultaneamente à ingestão dos alimentos que apresentem maiores níveis de colesterol na nossa alimentação, ou seja, às refeições principais. A sua ingestão deve também ser feita regularmente e não num ato único, começando apenas a verificar-se resultados significativos ao fim de 3 semanas.

Estudos realizados com esteróis vegetais demonstraram que o seu consumo diário numa dose de 2g estava associado a uma redução de 7%-10% dos valores de LDL e de 5% a 10% dos valores de colesterol total, no período de 2 a 3 semanas; combinando com uma redução no consumo de gordura saturada, o decréscimo dos valores de LDL aumentava para 15%. Dados epidemiológicos revelam que a redução de cerca de 10% dos valores de LDL está associado a uma redução aproximada de 20% do risco de doença coronária. Para pessoas que realizem já medicação para a redução do colesterol, bem como para grávidas, lactantes e crianças até aos 5 anos, o consumo de esteróis vegetais deve ser alvo de consulta médica prévia, uma vez que a sua ingestão pode causar uma redução exacerbada do colesterol ou causar um impacto negativo na saúde.

Além da redução do colesterol, os esteróis vegetais têm sido associados a outros benefícios para o organismo, como proteção contra certos tipos de cancro e diminuição do estado inflamatório. Apesar dos seus benefícios, também os esteróis vegetais devem ser consumidos com moderação. Nenhum benefício adicional foi verificado a partir das 2g-3g diárias; além disso, o consumo de esteróis vegetais durante períodos de tempo prolongados pode resultar numa redução moderada dos níveis plasmáticos de carotenoides (precursores da vitamina A, com funções antioxidantes e importantes propriedades a nível ocular, da pele e das mucosas) e de tocoferol (precursor da vitamina E, com funções antioxidantes e anticoagulantes). Este efeito secundário pode ser contrariado com o consumo adequado destes micronutrientes, através de frutas e vegetais (ricos em carotenoides, de cor amarelada ou alaranjada, como manga, damasco, abóbora, cenoura, batata doce, tomate, e ainda espinafres e brócolos) e frutos oleaginosos, sementes e óleos vegetais (ricos em tocoferol). Ambos estão presentes em boas quantidades nos ovos.

A inclusão de esteróis vegetais na alimentação é uma estratégia eficaz para a redução dos valores de colesterol LDL e total, contudo nunca deve ser adotada como estratégia única e sim aliada a uma alimentação variada e equilibrada (pobre em gordura saturada e trans e rica em fibra) e a um estilo de vida saudável, com consumo reduzido de bebidas alcoólicas, livre de tabaco, com atividade física regular e controlo do peso corporal.

* Quando enriquecidos com esteróis vegetais, estes alimentos apresentam alegações nutricionais/ de saúde que o mencionem.

 

Joana Ferreira

Nutricionista Estagiária à Ordem dos Nutricionistas