Tratar, mais e melhor, a Diabetes Mellitus Tipo 2 em 2016 é um dos maiores desafios da medicina nos nossos dias.
Começo por sublinhar números recentes e preocupantes da Diabetes no nosso país: 13.1% dos adultos portugueses tem Diabetes Mellitus, 40% destes doentes não estão diagnosticados e 27% dos adultos portugueses têm já alterações do metabolismo do açúcar (Pré-diabetes). Perante tão impressionantes números, é urgente tomar medidas!
É necessário em 1º lugar diagnosticar mais casos da Diabetes.
Quanto mais cedo diagnosticarmos, e começarmos a tratar, maior vai ser a nossa capacidade de reduzir as complicações da diabetes. O principal objectivo da terapêutica da diabetes é evitar as complicações da doença. Níveis elevados de açúcar no sangue mantidos vão conduzir à cegueira, à insuficiência renal, as amputações dos membros e à mortalidade por doença Cardiovascular (os doentes com Diabetes Mellitus vivem em média menos 7 anos).
Um outro aspeto crucial na abordagem terapêutica da Diabetes reside na individualização dos objetivos. De acordo com a idade dos doentes, o nº de anos da evolução da doença, as doenças associadas, a esperança de vida, a motivação do doente, os apoios e recursos de que cada pessoa dispõe, deverão ser definidos objetivos terapêuticos individualizados.
Existe ainda uma elevada taxa de insucesso na terapêutica de diabetes – cerca de 40% dos doentes tratados não atingem os objetivos. Médicos e doentes podem colaborar para melhorar esta situação, combatendo a inércia clínica (dos médicos) e promovendo a adesão terapêutica (dos doentes). A inércia clínica consiste na falência em iniciar ou intensificar tratamento no momento adequado em pessoas com diabetes. E hoje é mais fácil combater a inércia com remédios mais seguros e mais fáceis de utilizar. O incumprimento do tratamento (não adesão) é muito frequente e está relacionado com os efeitos secundários dos fármacos e com a forma de administração. Hoje é mais fácil promover a adesão terapêutica com fármacos melhor tolerados e de apresentação mais cómoda.
É fundamental, nesta doença em que a relação médico-doente assume tão extraordinária importância, assegurar que em cada consulta haja o tempo necessário para otimizar as intervenções terapêuticas. Apesar dos números assustadores e das temíveis complicações à distância, é hoje possível tratar melhor as pessoas com diabetes.
Dr. João Jácome de Castro