Um dos grandes desafios neste século é o de travar o flagelo das doenças cardiovasculares. Os números são assustadores, com Portugal a liderar a maior taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares na Europa Ocidental.
Estima-se que em 2020 serão as doenças cardiovasculares a principal causa de incapacidade e mortalidade no Mundo.
Esta situação é facilmente explicada em Portugal, se tivermos em conta que cerca de 70% da população adulta tem colesterol elevado, 20% é fumadora, mais de >30% é obesa, >27% é hipertensa, a maioria é sedentária (somos o país da União Europeia com menos praticantes de actividade física) e o número de diabéticos tem vindo a aumentar consideravelmente. Esta prevalência elevada de factores de risco leva, indubitavelmente, à aterosclerose, a qual, afecta todo o sistema cardiocirculatório, sendo causa de AVC (acidentes vasculares cerebrais) e de doença das artérias coronárias (principalmente o enfarte do miocárdio). Um enfarte do miocárdio (ataque cardíaco) manifesta-se muitas vezes por uma forte dor no peito e uma sensação de esmagamento na parte superior do corpo. Mas, por vezes a dor no peito nem sempre é aquela sensação forte e esmagadora que algumas pessoas descrevem, ela pode realmente ser leve, por isso não se deve ignorar qualquer tipo de dor no peito. È o caso dos idosos e dos diabéticos nem sempre a dor está presente quando um ataque cardíaco está ocorrendo; na verdade, mais da metade destes doentes que sofrem um ataque cardíaco não sente dor no peito, mas sim outros sintomas, como cansaço extremo, dificuldade respiratória, suor frio, náusea ou vómito, tontura.
Cerca de 20 a 30 % dos doentes que sofrem um ataque cardíaco têm nos seus antecedentes dor tipo angina, que é uma dor no peito que ocorre geralmente após esforços e alivia com o repouso ou o uso de nitratos sub-lingual, muitas vezes confundida com azia. A angina (geralmente) já é um sinal de doença das artérias coronárias, que são as artérias que irrigam (alimentam) o músculo especializado que é o nosso coração. A doença destas artérias coronárias (“entupimento”) é a causa mais comum dos ataques cardíacos. Resumindo, os principais sinais de alarme de ataque cardíaco são: -Dor ou desconforto no peito, falta de ar, suor frio, náusea / vómito, tontura. Reconhecer os sinais de um ataque cardíaco e chegar ao hospital imediatamente pode significar a diferença entre a sobrevivência e a morte.
Assiste-se a grandes avanços na terapêutica da doença coronária, mas a morbilidade e mortalidade mantêm-se elevada, por isso a mensagem principal deve ser “mais vale prevenir que remediar”, por isso reforça-se a necessidade de alimentação saudável e actividade física (o simples andar faz maravilhas pelo coração). Acompanhamento regular médico e conhecimento dos indícios são excelentes ferramentas para evitar (ou sobreviver) a um ataque cardíaco.
Dr. Carlos Catarino (Cardiologista)
Administrador da Fundação Portuguesa de Cardiologia