Como Prevenir o Enfarte do Miocárdio – Dia Nacional do Doente Coronário

Apesar de algum decréscimo nas últimas décadas, as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte em Portugal.

Um dos grandes desafios neste início de século é o de travar o flagelo das doenças cardiovasculares. Os números são assustadores, com Portugal a liderar a maior taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares na Europa Ocidental.

Estima-se que em 2020 serão as doenças cardiovasculares a principal causa de incapacidade e mortalidade no Mundo.

Esta situação é facilmente explicada em Portugal, se tivermos em conta que 70% da população adulta tem colesterol elevado, 20% é fumadora, mais de >30% é  obesa, 40% é hipertensa, a maioria é sedentária (somos o país da União Europeia com menos praticantes de actividade física) e  o número de diabéticos tem vindo a aumentar consideravelmente.

Esta prevalência elevada de factores de risco leva, indubitavelmente, à aterosclerose, a qual, afecta todo o sistema cardiocirculatório, sendo causa de AVC (acidentes vasculares cerebrais)  e de doença das artérias coronárias (principalmente o enfarte do miocárdio). Anualmente morrem por Enfarte do Miocárdio mais de 8000 portugueses, o que equivale sensivelmente a uma morte a cada hora. A mortalidade por AVC é praticamente o dobro da mortalidade por Enfarte do Miocárdio.

O nosso país gasta cada vez mais dinheiro no tratamento de doenças que são em grande parte evitáveis, torna-se necessário uma mudança radical nos hábitos e estilos de vida não saudáveis.

A aterosclerose é a principal causa de morte a nível mundial, com redução substancial da esperança média de vida após a primeira complicação cardiovascular, 8 a 12 anos depois dos 60 anos.

O aumento de risco de aterosclerose resulta da potenciação mútua de vários factores de risco. A eventual coexistência de vários fatores responsáveis na génese de aterosclerose, implica maior precocidade da doença e maior perigo.

Há evidências de que os factores de risco presentes na infância são indicativos de futuro risco cardiovascular, embora a doença clínica ocorra tardiamente.

Na maioria das vezes , a aterosclerose está relacionada com os factores de risco tradicionais: HTA, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, obesidade.

Os factores de risco que mais afetam a função arterial por causar uma deterioração do endotélio vascular, levando à instalação da doença aterosclerótica, podem ser modificáveis ou não modificáveis.

 

Factores modificáveis:

São aqueles onde devemos investir na prevenção, principalmente, já que são factores concomitantes e agravantes, derivados do comportamento e estilo de vida.

Entre os riscos modificáveis, as dislipidémias são os de maior importância clínica, cerca de 70% do colesterol existente no homem é produzido pelo próprio organismo, no fígado. O restante provém da alimentação, dos produtos de origem animal.

Os indivíduos que têm altos níveis de gorduras circulantes no sangue, sendo o colesterol a principal delas, depositam este excesso nas artérias obstruindo-as progressivamente.

Tabagismo – os indivíduos que fumam têm um risco nove vezes maior de desenvolver a arterioesclerose que a população não fumante. Existe uma associação do tabaco com baixos níveis de HDL e disfunção vascular por efeitos diretos no endotélio.

Hipertensão – a HTA provoca alterações na superfície interna das artérias, facilitando a penetração das gorduras na parede arterial.

Sedentarismo –  tem sido apontado como outro factor de risco, com frequência cada vez maior entre as crianças e adolescentes, devido às mudanças no estilo de vida, a actividade física reduz os níveis de colesterol e os valores tensionais e permite melhor controlo da diabetes.

Diabetes mellitus é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, principalmente dos países desenvolvidos e apresenta factores de risco como hiperglicémia, hipertrigliceridémia e distúrbios lipoproteicos, que podem causar diversas alterações na biologia vascular, precipitando o processo ateroscleótico.

 

Factores não modificáveis:

Assim como a idade e sexo, não podemos mudar a nossa herança genética, este é um factor também importante, não devendo ser negligenciado, assim, a história familiar também se correlaciona positivamente com a maior presença de factores de risco para doença aterosclerótica.

 

 

No dia 14 de Fevereiro, também Dia de São Valentim (Dia dos Namorados) vamos cuidar dos nossos afectos e também da boa saúde do nosso coração, que passa principalmente pelo binómio de alimentação saudável e actividade física (a simples marcha faz maravilhas pela nossa saúde).

 

Carlos Catarino

Administrador da Fundação Portuguesa de Cardiologia