A aterosclerose… (in)evitável

A aterosclerose e as suas consequências clínicas são, em larga medida, evitáveis. A sua elevada prevalência não tem a ver com uma suscetibilidade genética própria, mas dos comportamentos menos saudáveis da nossa vida. É um paradoxo do desenvolvimento. O prolongamento da vida, a disponibilidade em gorduras e calorias, o sedentarismo, os hábitos e estilos de vida prejudiciais, as dislipidemias, a hipertensão arterial e a diabetes culminam na aterosclerose.

Derivada da deposição de gorduras nas artérias, a lesão começa cedo, na infância e adolescência. Afeta as artérias de médio calibre (coração, cérebro, aorta, rins e membros inferiores). A lesão não é só uma obstrução, é um processo ativo, inflamatório e imunológico. A instabilidade da placa aterosclerótica é o elemento precipitante da isquemia, da trombose e do enfarte. A aterosclerose é uma doença sistémica (a presença num território arterial associa-se à doença em outras artérias).

 

Dr. Pedro Marques da Silva

Vogal  médico do Conselho de Administração da Fundação Portuguesa de Cardiologia. Consultor de Medicina Interna e Responsável da Consulta de Hipertensão e Dislipidemias da Unidade Funcional Medicina 4 (coordenador: Prof. Dr. A. Sousa Guerreiro) do Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE